quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Memorial Kwame Nkrumah e o pensamento panafricano



Nosso ultimo dia em Gana, 1º de novembro, foi dedicado ao pensamento e a ciencia produzidos no pais. Logo cedo, visitamos o belo campus da Universidade de Ghana, em Legon. Estivemos diante de uma imagem pouco exibida sobre a Africa: dezenas de estudantes de diversos cursos, como tecnologia e ciencias politicas, circulando entre predios bonitos e espacos arborizados. Na universidade, filmamos uma roda de dialogo entre a professora Akossua Adomako Ampofo, diretora do Instituto de Estudos Africanos, a professora Esi Sutherland-Addy e a graduanda Aseye Tamakloe. A conversa foi mediada pela mestranda em Ciencias Sociais, Rosana Chagas, e teve como temas os direitos das mulheres na Africa, alem de poligamia, machismo e homossexualidade. 


A tarde, visitamos o Memorial Kwame Nkrumah, no centro de Accra, onde esta o mausoleo do primeiro presidente do pais e de sua esposa, a egipcia Fathia Rizk. Soubemos pelo professor Carlos Moore que o casamento de Nkrumah foi uma estrategia politica. Com o matrimonio, ele queria unir a Africa subsaariana – a Africa negra – com a porcao arabe do continente, cujo mais importante pais eh o Egito. Fathia Rizk tornou-se uma grande companheira do marido e defensora do Pan-africanismo. Tanto que ao morrer em seu pais natal, em 2007, deixou um testamento pedido para seu corpo ser levado a Gana onde deveria ficar ao lado do corpo do marido, morto em 1972. 

No Memorial Kwame Nkrumah, o professor Carlos Moore nos concedeu uma excelente entrevista, revelando todo o pensamento que norteou a trajetoria de Nkrumah, sua referencia nas ideias de Marcus Garvey e W.Du Bois, sua coragem diante da Inglaterra ao levar Gana a torna-se a primeira nacao independente da Africa, em 1957, com impacto em todo o mundo, mas principalmente no continente negro, pois a partir de Gana, outros paises africanos conquistaram a independencia do poder colonial. O governo de Nkrumah, que durou ate 1966, deixou marcas definitivas no pais, ao investir em educacao, infra-estrutura e desenvolvimento e ao atrair cientistas e pensadores do mundo inteiro, que atenderam ao chamado de Nkrumah para quem Gana deveria estar aberta a todos os negros do mundo. Nao eh por acaso, entao, a efervescencia academica que vimos na Universidade de Ghana.




Carlos Moore deixou um recado para as novas geracoes de descendentes africanos espalhados na diaspora: “Voltem seu olhar e sua atencao a Africa, berco da humanidade. Todos os descendentes da Europa, buscam suas raizes, buscam seu passado. Os Judeus fazem o mesmo. Nos, africanos, filhos da diaspora, temos que nos voltar ao nosso passado, conhecer o que realmente aconteceu na Africa e como podemos fortalecer este continente. Sem a Africa, nao ha futuro na humanidade”.  


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