sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Comunidade Tabom: os retornados

Hoje visitamos a Casa do Brasil em Accra, onde se reúne a comunidade Tabom, descendentes dos ganenses escravizados no Brasil e retornados à Gana com o fim da escravidão. No belo casarão, com janelas para o mar e próximo ao farol do bairro de James Town, há uma pequena biblioteca e uma exposição sobre a cultura brasileira e a história da escravidão. Na casa há também curso da língua portuguesa para aqueles interessados no resgate da língua falada pelas sete famílias de retornados que após 1988 se integraram à comunidade Ga, de Gana, e trocaram experiências e conhecimentos. Além de nomes próprios comuns no Brasil (conhecemos aqui Luiz, Pedro, Nelson, Luiza, Simplicia etc), há palavras do português incorporadas ao vocabulário Ga, como cebola, camisa e sapato.
Os Tabom nos receberam com música e dança, com uma sonoridade percussiva muito conhecida por nós. Conversando com eles, percebemos um interessante diálogo religioso entre práticas mulçumanas (os retornados eram Malês) e da religião dos Orixás, como o culto a Xangô.
Todos demonstraram muito amor pelo Brasil e pela história preservada naquela casa e lamentaram o fato deles não conhecerem o país de seus antepassados. Os Tabom têm interesse em um intercâmbio entre Brasil e Gana, que possibilitasse o envio de pessoas da comunidade para estudar no Brasil, enquanto brasileiros viriam à Gana, estudar inglês e a rica hstória desse país. Fica a dica ao nosso Governo Brasileiro que, com certeza, possui mais condições para tocar um acordo desse, ainda mais pelo interesse demonstrado pelo presidente Lula de aproximação com o continente africano.
Ah, o nome Tabom refere-se à forma como os retornados se cumprimentavam no bom português coloquial: “Você tá bom?”.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Domingo de sol em Labadi Beach











No sábado, 23, nós estávamos tomando sorvete no Frankie´s, na Oxford Street, quando passou um carro anunciando uma festa na Labadi Beach. O Frankie´s é como se fosse a Sorveteria da Ribeira em Salvador, um lugar para um fim de tarde, tomar sorvete com a família, com a namorada, com o namorado, com os amigos e amigas... um lugar de happy hour para todos os gostos que pode ser acompanhado ao sabor de pistache. Quando o sorvete terminou, seguimos para a praia de Labadi, uma opção bastante badalada entre os ganenses. Mas, infelizmente, não tivemos sorte e as barracas estavam esvaziadas. O domingo prometia sol, e saimos da praia com o plano de voltar no dia seguinte.
No domingo fomos as primeiras a chegar na praia. Pensávamos esperar o restante do pessoal (André, Mateus, Paulo e Lucas) na praia, mas como tínhamos que pagar cinco cedis para entrar na praia, resolvemos esperar todos chegarem para poder negociar um preço para o grupo. Nos vinte minutos que esperamos pelos meninos foi legal observar quem chegava para passar um momento de lazer na praia. As pessoas não estavam vestidas com roupas de praia, da forma que nós conhecemos ou nos vestimos para ir à praia no Brasil. Nada de biquinis. A galera passeava vestidas normalmente, como se estivessem indo para qualquer outro lugar, mas não para a praia. Algumas pareciam que tinham vindo direto da igreja. Eu e a Ayeola chegamos a pensar que estava tendo algum evento específico na praia, talvez uma festa particular, só atravessando os portões para saber.
Quando os meninos chegaram, finalmente passamos para o outro lado. Fiquei encantada. Aquelas pessoas que passaram por nós vestidas das mais variadas formas, menos com roupa de praia, estavam - muitas delas - tomando banho de mar exatamente da forma que passaram por nós - de calça, de meia, de camiseta...
Ao final de uma semana dura de trabalho, Labadi é um convite ao lazer, celebrar com os amigos simplesmente a vida. Foi isso que eu vi em Labadi Beach. A minha impressão é que ninguém estava ali pretendendo nada, ninguém se importava se um estava tomando banho de mar vestido com uma calça ou de vestido, ou se estava debaixo do sombreiro vestidos como se estivessem indo a um baile. Labadi é para vir e relaxar como na praia da Barra, Boa Viagem, Ipanema, Copacabana, Porto de Galinhas.....
Acho que as fotos falam por si...


Esse texto é uma colaboração de uma amiga do projeto Panáfricas, Rosana Chagas, que também está em Gana.






terça-feira, 26 de outubro de 2010


Hoje filmaremos no Centro W.E.B Dubois aqui em Accra. O objetivo da entrevista é saber mais sobre a importância de Gana para o movimento panafricanista do século XX e sobretudo da interessante história de Dubois, um grande teórico afroamericano, fundador da NAACP (Assoicação Nacional para o Avanço das Pessoas de Cor), criador dos primeiros encontros panafricanistas do início do último século e entusiasta do desenvolvimento da África. Quando Kwame Krumah assumiu o poder em Gana para criar os Estados Unidos da África, em 1957, Dubois foi seu consultor pessoal e tinha o projeto de construir a Enciclopédia Africana. Por suas convicções panafricanas, recusou a cidadania americana e vivendo aqui sua esposa até os últimos dias de sua vida.


Veja no link ao lado a biografia completa de WEB Dubois em inglês: http://en.wikipedia.org/wiki/W._E._B._Du_Bois